Efeitos do consumo de drogas parental no desenvolvimento e saúde mental da criança
09/04/2025

Por Lany Leide de Castro Rocha Campelo, Raionara Cristina de Araujo Santos, Margareth Angelo, Maria do Perpétuo Socorro de Sousa Nóbrega
O desenvolvimento infantil é influenciado por fatores genéticos, orgânicos e ambientais, que incluem as condições familiares, escolares e sociais. Diversos estudos têm investigado como esses fatores impactam a saúde mental e o desenvolvimento das crianças, com destaque para o efeito de características parentais e situações ambientais, como o uso de substâncias psicoativas pelos pais. O uso de drogas, particularmente por gestantes, é um fator de risco significativo para diversos problemas de desenvolvimento e saúde mental das crianças, desde a gestação até a infância.
Crianças cujas mães fazem uso de substâncias psicoativas durante a gestação podem apresentar sérios prejuízos no desenvolvimento neuropsicomotor, cognitivo e comportamental, além de riscos elevados de complicações neonatais, como prematuridade, baixo peso ao nascer, malformações congênitas e síndromes de abstinência neonatal. Estudo após estudo tem mostrado que a exposição intraútero a essas substâncias, como álcool, cocaína, heroína e outras drogas, pode resultar em dificuldades na aprendizagem, problemas de atenção, déficits de memória e atraso no desenvolvimento motor. O risco de morte fetal e neonatal também é elevado em gestantes usuárias de drogas, sendo a mortalidade e o número de abortos espontâneos significativamente maiores.
Além dos efeitos biológicos, os fatores socioeconômicos e o ambiente familiar desempenham um papel crucial. Mulheres grávidas que consomem drogas muitas vezes enfrentam condições de vida adversas, como baixa escolaridade, desemprego, violência doméstica e ausência de cuidado pré-natal adequado. Esses fatores agravam os efeitos negativos sobre o feto, aumentando as chances de complicações na gestação e no nascimento, além de comprometerem o cuidado e o desenvolvimento da criança após o nascimento. A violência familiar e a negligência também têm impacto direto na saúde mental das crianças, predispondo-as a problemas de comportamento e dificuldades psicológicas ao longo do tempo.
Os estudos analisados na revisão integrativa indicaram que o uso de substâncias por gestantes está associado a diversos prejuízos para o desenvolvimento infantil, com destaque para a disfunção familiar e a ausência de um ambiente de cuidado seguro e acolhedor. Além disso, alguns estudos apontaram que, apesar dos riscos associados à amamentação em mães adictas, em alguns casos, a continuidade da amamentação pode ser benéfica, especialmente no manejo da síndrome de abstinência neonatal.
A literatura científica sobre o impacto do consumo de drogas por pais sobre o desenvolvimento e a saúde mental das crianças é extensa, e as evidências apontam para a necessidade urgente de políticas públicas voltadas para a prevenção do uso de substâncias durante a gestação, bem como para a promoção de cuidados pré-natais de qualidade. Isso inclui o fortalecimento da assistência à saúde materna, especialmente para mulheres em situações socioeconômicas vulneráveis, e o apoio psicológico e social para as famílias afetadas pelo consumo de drogas.
Em resumo, o uso de substâncias psicoativas durante a gestação representa um sério risco para o desenvolvimento e saúde mental das crianças, que podem enfrentar uma série de desafios, desde complicações neonatais até problemas cognitivos e comportamentais a longo prazo. A combinação de fatores biológicos, sociais e familiares cria um cenário complexo que requer abordagens integradas para mitigar esses efeitos adversos e promover um desenvolvimento saudável para as crianças afetadas.