Abstinência da Cocaína: Entendendo os Sintomas

Por Raique Almeida

            Mas afinal, o que é a abstinência da cocaína? A cocaína é um estimulante do sistema nervoso central. Quando a pessoa usa, ela sente alguns efeitos bem marcantes, principalmente pela interação da droga com o cérebro. No começo, o usuário sente uma sensação de empoderamento, um bem-estar intenso. Isso acontece porque a cocaína aumenta a liberação de dopamina, que é o neurotransmissor do prazer, da recompensa.

Nas primeiras vezes, esse efeito é muito presente, mas com o tempo o corpo se adapta. A pessoa continua usando, mas já não sente o mesmo prazer. Ela acaba se tornando dependente, e para sentir algo parecido com o que sentia antes, precisa de doses cada vez maiores. O uso aumenta, o corpo se acostuma com a presença constante da substância, e aí vem a questão da abstinência.

A abstinência começa quando a pessoa interrompe o uso da cocaína, depois de um tempo de uso frequente. O corpo, já habituado com aquela química, estranha a ausência dela e começa a reagir. É como se o organismo dissesse: “Opa, tem algo errado, está faltando aquela substância que eu recebia sempre.” E aí aparecem os sintomas.

Esses sintomas variam de pessoa para pessoa, mas em geral envolvem tanto o físico quanto o psicológico. A pessoa pode se sentir muito cansada, com fadiga, e ao mesmo tempo perceber um aumento no apetite. Isso acontece porque, quando está usando a droga, ela costuma comer menos, já que o foco todo está na substância. Quando para o corpo tenta se recuperar. A agitação também é comum, já que o organismo está pedindo pela droga, o que acaba gerando ansiedade. Algumas pessoas podem ter tremores, dores musculares e dificuldades para dormir. A insônia é frequente, e é importante destacar que o sono tem um papel fundamental na recuperação da saúde mental.

No campo emocional, a ansiedade é um dos primeiros sintomas que aparecem. A pessoa se sente inquieta, como se algo estivesse sempre incomodando. Irritabilidade também é comum o estresse aumenta, o humor oscila, e em alguns casos pode surgir até um quadro depressivo. A pessoa perde a motivação, sente-se desanimada, sem vontade de fazer as coisas, e tem dificuldade de se concentrar. Como o desejo de usar continua ali, essa fissura atrapalha o foco em outras atividades.

Mas é fundamental reforçar uma coisa: essa fase passa. Os sintomas da abstinência não duram para sempre. Eles são intensos no início, mas não permanentes. Normalmente, os primeiros sinais aparecem logo depois que passa o efeito da última dose. Os sintomas físicos podem durar até uma semana, e depois tendem a diminuir. Já os psicológicos podem persistir por mais tempo, especialmente o desejo forte de usar novamente. Esse costuma ser o mais difícil de lidar.

Se você está lutando contra esse vício, ou conhece alguém que está nessa batalha, saiba que é possível vencer. Com força de vontade, dedicação e apoio, dá para superar. Não é fácil, mas também não é impossível. Você consegue, não precisa lutar sozinho busque ajuda, uma clínica terapêutica sempre é uma boa opção para vencer a dependência.  

Referências:

Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas (ABEAD)

Fiocruz – Fundação Oswaldo Cruz

Manual MSD (Merck)

Instituto Nacional sobre o Abuso de Drogas (NIDA - EUA)