Como escolher uma clínica de reabilitação adequada para a internação do familiar.

Por Raique Almeida

            Esta é a pergunta de uma de inúmeras famílias que buscam uma clínica de reabilitação para seu familiar com adicção.

Escolher uma clínica de reabilitação não é uma tarefa fácil, especialmente porque, na primeira vez, muitas vezes não se tem experiência no assunto. Mesmo assim, em alguns casos, a internação é a melhor decisão a ser tomada, pois, com ela, o adicto é afastado do círculo social e da rotina do uso de substancias.

Porém, não se sabe ao certo se uma clínica será boa para o seu familiar. O que podemos fazer é avaliar alguns pontos importantes da instituição. A internet está cheia de anúncios de clínicas de reabilitação para dependentes químicos, com valores variados. Por isso, é importante saber a diferença entre clínica e comunidade terapêutica.

O tratamento em uma clínica, como o nome sugere, é clínico. Ou seja, a clínica deve ter, ou pelo menos deve ter, uma equipe multidisciplinar para realizar o tratamento do dependente químico. Já na comunidade terapêutica, o tratamento é baseado geralmente nos 12 passos de AA. Nesses lugares, não existem profissionais especializados, e o tratamento é feito por pessoas em recuperação. Isso não significa que a pessoa não possa se recuperar, mas a estrutura pode ser mais simples. Existem também muitas comunidades terapêuticas que têm uma estrutura mais parecida com a das clínicas, às vezes, o que falta é apenas a presença de um médico psiquiatra e psicólogo disponível e uma equipe de enfermagem também disponível.

Alguns pontos importantes para escolher uma clínica de reabilitação adequada, se já foi decidido, junto à família, que a internação é o melhor caminho, então o primeiro passo é buscar a indicação de alguém que conheça a instituição, como família de outros pacientes, ou buscar referências a respeito da clínica ou da comunidade terapêutica, como sites blogs e buscando um contato com a clinica pra tirar as dúvidas.

É importante conhecer a estrutura da clínica, visitando todas as suas instalações, como os quartos onde o paciente irá dormir, a cozinha onde ele fará as refeições e outras áreas. Observe o ambiente, se ele é limpo e se há boa higiene. Verifique se existe tratamento medicamentoso e quem é o responsável pela administração da medicação.

Nem todos adictos precisam de tratamento medicamentoso, mas, se esse for o caso do seu familiar, é importante estar ciente, antes da internação, sobre quais medicamentos serão utilizados, por quanto tempo e qual a necessidade de cada um durante o tratamento, por isso é sempre bom buscar uma clínica que tenha um médico psiquiatra a disposição ele ira indicar o melhor tratamentos, e mais   assertivos nas medicações.

Outro ponto importante é verificar quais profissionais fazem parte do programa de tratamento e se são qualificados para tratar dependentes químicos. Psicólogos, psiquiatras, clínicos, equipe de enfermagem e terapeutas ocupacionais são fundamentais nesse processo. Além disso, é essencial que exista um projeto terapêutico individualizado e um cronograma para cada fase do tratamento.

Também verifique se a clínica oferece tratamento pós-internação, para ajudar o dependente a manter-se no caminho da recuperação. Caso seu familiar tenha comorbidades psiquiátricas, é fundamental saber se ele terá atendimento especializado durante o tratamento, já que o sucesso na recuperação depende do tratamento simultâneo das doenças.

Outro ponto importante é verificar se existe um projeto de apoio voltado para as famílias. Muitas vezes, a família também precisa de orientação sobre como lidar com a doença do dependente químico, como ajudar nas relações familiares e como ser um suporte para evitar a recaída. Vale ressaltar que a internação não garante que o dependente nunca mais vá recair, mas é o primeiro passo para a recuperação.

Também é necessário se informar sobre a duração do tratamento e o período de ressocialização. O ideal seria que todos pudessem pagar uma clínica de reabilitação de qualidade ou que houvesse tratamentos gratuitos, mas essa realidade ainda está longe de ser alcançada. O que vemos com mais frequência são comunidades terapêuticas com estruturas precárias e que não oferecem uma boa qualidade de tratamento, apenas retirando o dependente químico do meio das drogas. Embora haja pessoas que, mesmo em lugares inadequados, consigam se recuperar, também existem casos em que a recuperação não ocorre nem mesmo em clínicas com boas estruturas.

Portanto, o que conta muito é a disposição do dependente em mudar de vida e parar com o uso., é preciso ter cuidado na escolha. Volta e meia vemos na TV lugares que são apenas aglomerados de pessoas, algumas vezes em situações humilhantes. Por isso, é importante visitar a clínica ou comunidade terapêutica antes de tomar a decisão final sobre a internação.

Pesquise antes de aceitar a internação, para que, quando o paciente aceitar se internar, você já tenha escolhido um lugar adequado.

Referências: ABAD - Associação Brasileira de Assistência a Dependentes

CRATOD - Centro de Referência de Álcool, Tabaco e Outras Drogas

SOBRADEP - Sociedade Brasileira de Terapias de Dependência Química