Diversão ou Armadilha? Um estudo exploratório das Apostas Esportivas
16/04/2025

Por Ahmed Sameer El Khatib
O artigo de Ahmed Sameer El Khatib realiza uma análise exploratória sobre o crescente envolvimento de universitários brasileiros com apostas esportivas, especialmente através das chamadas "bets", cada vez mais populares no país. Utilizando como base a Teoria do Comportamento Planejado (TCP), o estudo busca compreender os fatores psicológicos, sociais e comportamentais que influenciam essa prática entre jovens no ambiente universitário.
A Teoria do Comportamento Planejado, proposta por Icek Ajzen, parte do pressuposto de que o comportamento humano é guiado por intenções comportamentais, que por sua vez são influenciadas por três componentes principais atitudes avaliações positivas ou negativas sobre o comportamento, normas subjetivas pressões sociais percebidas e o controle comportamental percebido grau de facilidade ou dificuldade em realizar a ação. Ao aplicar essa estrutura à realidade das apostas esportivas, o autor consegue mapear as motivações, justificativas e riscos percebidos pelos universitários.
Os dados revelam que muitos estudantes enxergam as apostas como uma forma de entretenimento, lazer e até mesmo uma oportunidade de obter lucro fácil. No entanto, o artigo mostra que essa percepção positiva convive com preocupações crescentes em relação aos riscos financeiros e ao potencial desenvolvimento de comportamentos compulsivos. A influência de amigos, da mídia esportiva e da popularização das plataformas de apostas digitais contribuem significativamente para a normalização dessa prática.
Outro ponto importante levantado pelo estudo é a ilusão de controle. Muitos jovens acreditam que são capazes de prever resultados esportivos com base em seu conhecimento sobre esportes, o que reforça a ideia de que apostar não seria “tão arriscado assim”. Esse sentimento é intensificado pelo fácil acesso às plataformas digitais, que oferecem interfaces intuitivas, bônus de entrada e diversas promoções, facilitando o ingresso e permanência dos usuários no ambiente das apostas.
El Khatib também destaca o papel da publicidade e das estratégias de marketing das casas de apostas, que frequentemente associam o ato de apostar a experiências positivas, como diversão, status e sucesso. Isso influencia diretamente as normas subjetivas, criando um ambiente em que apostar é não só aceito, mas também incentivado socialmente.
Por fim, o artigo conclui que, apesar de muitos estudantes enxergarem as apostas esportivas como algo inofensivo, existe um claro risco de armadilha, especialmente quando essa prática se torna frequente e descontrolada. O autor sugere a necessidade urgente de campanhas educativas e políticas públicas que alertem sobre os riscos do jogo, promovam o uso consciente das plataformas de apostas e ofereçam suporte àqueles que apresentam sinais de dependência.
Em suma, o estudo fornece uma análise valiosa e atual sobre um tema emergente e controverso, equilibrando a compreensão dos fatores que levam os jovens a apostar com uma crítica aos impactos negativos dessa prática. A aplicação da TCP oferece uma lente teórica eficaz para entender a complexidade do fenômeno e abre caminho para novas investigações e intervenções preventivas.