Maconha: Como Aliviar os Efeitos da Abstinência

16/04/2025

Maconha: Como Aliviar os Efeitos da Abstinência

Por Raique Almeida

            Os sintomas de abstinência são, geralmente, o que leva a pessoa a voltar a usar a substância quando está tentando parar. Muitas vezes, a pessoa não imagina o quanto é difícil parar até tentar pela primeira vez. Poucas pessoas que são dependentes dessa substância apresentam sintomas leves de abstinência. É importante lembrar que os sintomas variam de pessoa para pessoa, de acordo com o tempo e a intensidade do uso, além da vulnerabilidade individual.

O fato é que lidar com os sintomas de abstinência é um processo difícil. Algumas pessoas ficam com medo de não voltarem ao normal, pois sentem tantos sintomas que acabam achando que estão enlouquecendo. Há relatos de desânimo, isolamento social, fobia social, sintomas persecutórios, oscilações de humor, irritabilidade, falta de apetite, ansiedade, dores musculares, espasmos, dores de cabeça, cansaço, sonhos estranhos, pesadelos intensos, suor excessivo e um desconforto geral. Esses são alguns dos sintomas mais comuns entre quem é dependente de maconha.

Quando a pessoa está muito intoxicada pelo uso da cannabis, ela pode apresentar sintomas de despersonalização, que é a sensação persistente de estar se desligando do próprio corpo, da mente ou do ambiente, como se estivesse se observando de fora. Me recordo de um comentário de alguém que disse estar com medo de enlouquecer por causa desses sintomas. A pessoa pode também ter alucinações e delírios leves, como a sensação de estar sendo vigiada, seguida ou de que estão falando dela. Esses sintomas podem durar cerca de 15 dias ou mais, dependendo do grau de intoxicação.

Também podem surgir sintomas de pânico e, em alguns casos, uma psicose induzida pelo uso da cannabis, que pode durar até seis semanas. Quem faz uso crônico tem maior chance de desenvolver a síndrome amotivacional. Além da frequência do uso, a concentração de THC na substância influencia bastante na gravidade dos sintomas.

Algumas pessoas apresentam sintomas mais leves, mas outras passam por quadros mais intensos. Por isso, é essencial estruturar uma rotina. No começo, a dificuldade para dormir é quase sempre presente, então é importante estabelecer horários fixos para dormir e acordar. Evitar o uso de telas como celular, computador ou TV antes de deitar também ajuda muito. Ter horários definidos para as refeições faz diferença, assim como não se isolar mesmo sem vontade, é importante sair do quarto e caminhar um pouco todos os dias, nem que seja por 40 minutos.

Refeições leves e com intervalos curtos também são recomendadas, já que muitas pessoas sentem perda de apetite, náuseas ou até mesmo vômitos. Ocupar a mente é essencial, porque o desânimo pode facilmente tomar conta. Há quem fique deprimido ao parar de usar, então buscar apoio de pessoas que não fazem uso de substâncias e em quem se confia pode fazer toda a diferença. Se houver apoio da família, melhor ainda.

Organizar-se e cuidar de si mesmo pode parecer simples, mas essas atitudes, quando feitas com regularidade, realmente ajudam. Fazer apenas uma coisa ou outra, de forma esporádica, acaba prolongando o sofrimento e dificultando o processo. Também não adianta fazer só o que agrada, como era comum durante o uso da substância. É preciso abrir mão de algumas coisas para conquistar outras. É necessário estar disposto a enfrentar esse processo com coragem para, assim, retomar a vida sem o uso de drogas. Não é fácil, mas é totalmente possível e o resultado, com certeza, é positivo.

Vale lembrar que algumas pessoas podem estar passando por depressão ou outro transtorno associado, e nesses casos é fundamental procurar ajuda médica para lidar com os sintomas. Se perceber que não está conseguindo lidar sozinho, ou se a ansiedade estiver muito intensa, não hesite em buscar uma clínica terapêutica.

Referências:

Budney, A. J., Vandrey, R. G., Hughes, J. R., Thostenson, J. D., & Bursac, Z. (2008)

Volkow, N. D., Baler, R. D., Compton, W. M., & Weiss, S. R. B. (2014).
Efeitos adversos do uso da maconha. The New England Journal of Medicine.

Berger, M. (2020). Os sintomas de abstinência de maconha são reais para usuários regulares.

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